Saudações!

Sem a pretensão de ser mais um espaço conclusivo, mas de permuta clandestina de sensações e reflexos da mística desse mundo, espero que este lugar crie e seja criado como algo que nada baste, mas que conclame a imperfeição de seres na busca do elo singelo das relações.

Para quem desconhece o termo famigerado, provém do latim famigerátus e quer dizer aquele que divulga notícias ou que é afamado. No entanto, é nas palavras de Guimarães Rosa que me sirvo para incorporar algo de dúbio em um de seus contos mais "afamados".

Um abraço a todos e sejam bem vindos!


21 de agosto de 2007

Um outro mané

"Certa vez, enquanto perambulava pelas ruas de Natal, à noite, pude perceber uma cena no mínimo tragicômica. Um jovem com semblante desgastado, titubeava pela pista. Percorria delirantemente de ponta a ponta os lados da mesma. Fazendo e desfazendo o sentido enquanto carros não houvesse. Seu gingado e sua malícia pareciam falar em outra linguagem. Uma bem próxima dos bares e dos verdes campos de alegrias e confusões. Seu trajeto, não o via. Parecia viver aquele momento. O momento inebriante do drible. Sobre quem, não importava. Apenas seguia, como quem nada mais quer da vida.
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Sua história, para quem observava, não tinha passado ou futuro. Compunha-se de um simples momento, entre uma esquina e outra, entre um passo e outro.
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Penso no que o levou a embriagar-se. Seria uma história em que viver é um suplício? Driblando talvez, os confrontos sem causa justa, as mágoas tardias ou perdurantes, os sentimentos incompreendidos? Quem sabe não fosse culpa de um amor perdido como daqueles de infância. Ou mesmo, um amor escondido, do tipo que nada esclarece pela timidez absoluta. Quem sabe talvez o inverso. Estivesse comemorando a vitória de seu time, a conquista de um emprego, até mais, a conquista de um prêmio, com a dose exata e digna de um prêmio. Qualquer que seja a causa e o fim, o caminho ele está trilhando, neste curto percurso de uma rua.
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O que fazia da vida, ninguém sabe. Era um vulto passageiro e sem nome, como tantos outros, nas cidades, que fingem viver. Viver, sem ver e perceber a vida. Apenas passam sem saber que não há prorrogação.
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Não bastasse a pobre imagem, inusitadamente entra em jogo um novo personagem, ao fim da rua. Mais um desgarrado social. Seguia-o aos mesmos trepidantes passos. Seria revanche? Marcação cerrada? Que importava?! Seguia-o sim, mas sem direção. Como quem segue uma ilusão de uma vida sem gols e sem torcida alguma".
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Leandro Fábio de Lima e Silva

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